Deus Homicida?

 
Ouvimos muitas coisas, graças a Deus, não somos surdos. Também lemos alguns absurdos que nos deixam perplexos. Felizmente enxergamos e somos alfabetizados. Afinal, todos têm o direito de opinar sobre o que quiserem. Temos a liberdade de expressar a nossa opinião, quer os demais queiram ou não saber dela. Também o outro pode retrucar o que entendemos como correto. Nos tempos modernos (tempos do fim?) dependendo do que dissermos, podemos responder na justiça. Portanto, temos que ter cautela ao nos referirmos a determinados assuntos. Então, que não me perguntem o que penso!

Entretanto, li em um artigo a opinião publicada de alguém que se referiu a Deus como homicida. Como deve ser considerado um deus que permite a morte do próprio filho? Eram exatamente essas as palavras do escritor. A principio fiquei chocada, nunca havia me ocorrido tal opinião, mesmo nos tempos em que não entendia nada de Deus e formava a minha própria opinião a respeito dele. Não que as minhas antigas opiniões fossem mais honrosas do que essa, porque de qualquer forma, não eram verdadeiras, mas a ousadia da expressão me espantou. Matar o próprio filho é o que socialmente consideramos um crime da pior espécie. É o fim do mundo! Se Deus pode fazer isso, o que esperamos do ser humano? Todos já ouvimos muitas afirmações a respeito de quem não é tão claramente conhecido quando falta o elemento primordial, a condição “si ne qua non” para o entendermos: a fé.

Fiquei então refletindo sobre o que estava me incomodando. A principio pensei em porque tanta objeção à fé de quem crê que Deus realmente nos deu o seu Filho único para nos remir dos nossos pecados. Por que essa ideia perturbaria tanto alguém que não crê? Se Deus não existe, se Ele tem essa certeza, como expressou tentando justificar tal opinião, por que brigar e se revoltar contra o que não existe? Esse ateísmo não me convence. Não faz sentido para mim. Também já ouvi de outra pessoa que Deus é cruel. Se Ele permite que uma criança inocente fique doente e morra, ou Ele não existe ou é cruel demais. Ele permite que as pessoas sofram, que desgraças aconteçam, que a maldade impere. Que Deus é esse? Uma pessoa muito querida me perguntou por que, se Deus é tão bom, não veio Ele mesmo morrer? Deixou que o Filho sofresse! Que bondade é essa?

Não tenho conhecimentos teológicos profundos. Sou uma pessoa que crê, simplesmente. Mas, percebo que quanto mais busco entender de forma lógica e racional a presença e a ação de Deus no mundo, mais a minha fé se fortalece. Quanto mais o conheço, mais tenho razões para crer no seu poder, no seu amor e mesmo não entendendo as suas razões, sei que tenho elementos suficientes para aceitar o que entendemos como “ruim” da parte do Pai.

O Pai que ama corrige. Quem não age assim, sabe o que o espera, ou finge não saber. Um filho criado ao “Deus dará” dificilmente se sai bem na vida. Ou se consegue ter sucesso naquilo que o mundo considera importante, geralmente é às custas do que o próprio mundo dá: a ganância que atropela, a ânsia que motiva atitudes menos dignas, mas justificáveis pelo fim que se almeja, e não raras vezes sacrificando valores e princípios em nome de uma falsa felicidade que o vento, num sopro, leva embora. Basta olharmos em redor de nós para verificar a veracidade dessa situação.

Todos carecemos de correção, em todas as fases da vida. E como um pai verdadeiramente amoroso corrige? Garanto que não é alisando a cabeça ou dando tapinhas carinhosos nas costas dos filhos. Seria melhor, pois ninguém gosta de sofrer correções. Envergonha, dói, incomoda. No entanto, se depois de ensinado, o filho não aprende, corrigir é o que de melhor se faz. E como Deus poderia agir com os seus Filhos, ou com aqueles a quem deseja que se voltem para Ele? Eu não tenho outra resposta senão essa: o único caminho para quem não o escuta é a correção. Todos ouvem, todos admiram a grandeza da criação, todos podem saber do seu imenso amor, mas nem todos se importam com isso. Deus, então, se torna cruel!

A ânsia de Deus sempre fez parte do homem, desde que ele se separou do Pai e se tornou criatura. Numa escala inferior, uma pessoa que não conheceu o seu pai, sabe a necessidade que sente dele. Imaginemos então, ou nos lembremos, da importância que Deus tem como Pai na nossa vida. Por isso, o homem sempre buscou preencher esse vazio e uma grande parte dos deuses que criou eram exigentes, tremendamente cruéis. Sempre exigiam o que o homem tinha de melhor, e quem seria assim, senão os filhos? Vemos na história civilizações inteiras extintas, por conta de sacrifícios humanos feitos para agradar aos deuses que criaram, ou que “alguém” criou para eles. Essa é a hipótese apresentada para explicar a extinção de muitas das civilizações desaparecidas. Sabemos que existiram pelos monumentos que deixaram, que seriam os altares dos sacrifícios que ofereciam aos seus deuses.

Tudo o que sei é que Deus enviou o seu Filho. Para a maioria das perguntas não tenho respostas lógicas. Sem fé, não creria em nada. Contudo, sei que necessitaria de mais fé para crer em alguns absurdos que ouvi do que a que tenho para crer na Palavra de Deus. Sem fé, não entenderia que o Filho e o Pai são um, então o que o Filho sofreu, o Pai sofreu também. Sem fé, não saberia que não precisamos “criar” deuses, mesmo que esse deus seja o “eu” divinizado, e que acaba por me decepcionar, porque temos um Deus maravilhoso que nos criou. Sem fé não entenderia que como criatura precisamos de um Deus que nos chame para Ele, e como filhos, necessitamos de correção, senão, como cresceremos, saudáveis emocionais e espiritualmente, ainda que fisicamente vamos nos corromper? Sem fé não compreenderia que Deus enviou o seu Filho para morrer para que não matemos os nossos, oferecendo-os a deuses estranhos, mesmo que nos dias de hoje essa prática não seja usada e socialmente aceita (será?), ou permitindo que morram espiritualmente sem a chance de conhecer a salvação que só obtemos por meio de Jesus Cristo. Salvação é perdão de pecados. Se nós reconhecemos que somos pecadores, e esse é o primeiro passo que temos de dar, quem mais pode expiar os nossos, senão o Filho de Deus que se fez homem e morreu por nós?

Por Sonia Benetton 

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